O governo federal terminou nesta terça-feira (19) a primeira etapa de um levantamento que mede a propagação “invisível” do novo coronavírus. Por meio de testes rápidos aplicados na casa de 15 mil cidadãos, os pesquisadores podem saber se alguém tem ou já teve a covid-19, mesmo se não tiver ido ao hospital. A meta da pesquisa “Evolução da Prevalência de Infecção por covid-19 no Brasil: Estudo de Base Populacional” é testar 100 mil brasileiros.
O professor do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, Bernardo Horta, aponta que os dados colhidos podem servir como um mapa em áreas onde o coronavírus está presente no Brasil, mas que não aparecem nas estatísticas oficiais.
“É importante para gente conhecer a real magnitude da infecção pelo coronavírus. Isso porque os dados oficiais têm certo nível de sub-registro, uma vez que grande parte dos indivíduos com sintomas leves não são testados e temos casos assintomáticos”, pontua.
A ação é coordenada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com financiamento do Ministério da Saúde. Dentro de duas semanas, a pesquisa vai ser repetida. Com isso, será possível saber se os casos de coronavírus estão crescendo ou diminuindo.
Dificuldades
O problema é que o trabalho dos pesquisadores tem sido mais difícil em algumas regiões por conta da desinformação. Na primeira etapa, em pelo menos 40 municípios, prefeituras impediram a atuação em determinadas cidades devido a notícias falsas de que isso, na realidade, se trataria de um golpe. Em outros lugares, esses profissionais foram detidos sob o argumento de que estariam furando a quarentena.
“É importante esclarecer a população: todos os pesquisadores estão devidamente identificados, com identificação do Ibope e da universidade (Federal de Pelotas)”, tranquiliza Horta.
Em nota, o Ibope explicou que seus funcionários foram treinados por profissionais de saúde para realizar os testes e que devem estar usando itens de proteção como máscaras. O instituto reforçou ainda que os pesquisadores foram submetidos a exames para comprovar que não estão com covid-19.
Em caso de dúvida, o cidadão pode ligar para 0800 800 5000 e verificar se o entrevistador realmente faz parte da equipe de pesquisa.